[estrofe 1] Nas águas do esquecimento, Caronte espera, sem pressa. Nenhum vulto, só o vento, E a moeda na pele áspera. [Estrofe 2] A Moeda e o Contrato, Dois óbolos na palma, Preço antigo da travessia. Quem não paga fica à deriva, No limbo da noite fria. [Estrofe 3] Na Rota sem Volta Não há mapa nem estrelas, Só a correnteza escura. O barco corta as sentinelas Da margem sem sepultura. [Estrofe 4] "Barqueiro, leva minha história, Dos amores e das dores que deixei." Caronte aponta para a glória Do silêncio que virá. [Refrão] (Sabia que virias... O rio não perdoa, Nem a moeda, nem o fim. Sabia que virias... E o barco segue assim.) [Ponte] "O que levas nessa barca?" Pergunta a voz na névoa. "Só o peso da alma marcada, E o eco da tua própria voz." [Final] A última moeda cai, O remo toca o abismo. Caronte some a murmurar: "O destino é sempre o mesmo."