Não existe trabalho ruim, Pra ele, o ruim é ter que trabalhar. Se alguém chamá-lo antes do meio-dia, Ele corre do batente, não quer nada com nada, E foge feito um louco do sapeca Iaiá.
Ele vive de pernas pro ar, com toda certeza, E tenho pra mim que esse malandro virou fiscal da natureza. "Deus me livre eu ter que trabalhar!", a nega Judite já avisou: A conta chegou! A pensão, mais uma vez, esse malandro já atrasou. Seu reduto é o samba, não se ilude, certa mulher. Ele gosta mesmo é de um batuque, Mesa de bilhar e uma boa vida. Fica injuriado quando se vê contrariado. Quem dá boa vida pra desocupado é mulher feia! Quem cair na sua teia se prenuncia à confusão. Passa o dia todinho com uma gaiola de passarinho na mão, Ainda diz que não é vagabundo e que vive de herança: “Eu estudei pra isso, Não sou de fugir dos meus compromissos!”
Já bateu uma ordem judicial na sua residência, E o malandro se escondeu. “Deus me livre ser preso por causa de pensão atrasada! É mentira dela, doutor… Essa nega é abusada!”