O enigma do todo

Sou poeira de estrelas, sou fogo e sou vento,
um átomo breve num mar sem fronteiras,
mas como universo sou para além do tempo,
trago o impulso das forças primeiras.
No ventre do Todo, sem antes nem depois,
sou parte do uno que tudo engloba,
sem ter um princípio, nem um após,
substância imanente que nunca se esgota.
E a mente que busca, que vê e não vê,
que toca no nada e sente o infinito,
é gota do mar, é luz que se crê
mas que se dissolve no próprio conflito.
Se tudo é matéria e tudo é pensar,
se o ser é um verbo que nunca termina,
então sou eterno sem me recordar,
sou sombra que dança na chama que a anima.