Paroles
Causas do P o e t a
Luz, brilho, reflexo e clarão.
Abóbada celeste, inconteste.
Lindeza, grandeza, pureza.
Uma visão maior, superior.
O céu azulmente estrelado
é um momento de superioridade,
de leveza, de grandiosidade.
O poeta assiste Deus!
No íntimo jardim da suscetibilidade,
flores ressurgem na realização
de um sonho novamente iludido.
Sonhe sonhar e nunca haverá decepção.
A beleza é transparente — como a alma —
mas, é preciso que os olhos estejam puros,
sejam fortes, mostrem-se mágicos e crentes.
Para alcançar as insondáveis paixões,
é preciso alcançar-se num ser humano desbrutalizado,
insistente, analisador e prosseguir confiante.
Quando há uma causa...,
escolher o lado e lutar, defender.
É imperdoável permanecer impassível!
Embora, todos gostem só de ganhar, ganhar,
sempre há o lado mais necessitado.
O poeta, como exemplo, luta por causas,
Que, aparentemente, não chegam a ser causas...,
mas, no recôndito da estrelada noite,
no silêncio das pálpebras cansadas e imóveis,
as causas, para ele, são cristalinas.
O poeta? que advogado dedicado e extremoso!
Ele aprecia as causas leves que pesam no tempo,
as causas frágeis que nos estilhaçam,
os estilhaços que nos completam em mosaicos,
os sons reais que nos acordam para que sonhemos,
as canções tristes que embalam nossa ilusão menina,
o cheiro da terra após a chuva fria,
os desaparecidos heróis, os soldadinhos de chumbo,
os esquecidos barquinhos de papel na correnteza,
o primeiro entendimento do que é ternura.
As ternas gotas de sereno nas amanhecidas folhas.
— o poeta quer encontrar o mago conta-gotas que
executa este trabalho durante a noite —
O poeta?
Que ser desperto para as causas desmaiadas!
Seresteiro na noite. Vigia, atende de dia.
Ele é quem percebe no embrulho lindo, de bom gosto,
no lacinho de capricho colorido, em baixo, escondidinho, o nó.
É assim em tudo.; pessimista e esperançoso...,
para quem as horas são vigias de sua existência,
a existência um laboratório de emoções,
tendo o sentimentalismo como tubos de ensaio.
Canta belo e triste a canção triste e bela
— que é triste por ser bela, segundo o Poetinha —
e a beleza é, por si só, tristeza de ser invejosamente admirada
e medrosamente, desconfiadamente.; amada.
O poeta quando ama — e ele sempre ama —
busca sons na alvorada e sente no peito o ricocheteio
alegre dos nascentes raios solares.
O poeta defende que pássaros são manhãs que voam.
O poeta ama. Pensa na glória do amor e se humilha,
cresce dentro de si, se expande multi-facetado em cores,
chega perto de chegar perto de Deus e se agiganta
ama desmesuradamente e canta, e canta, e canta...